domingo, janeiro 14, 2018

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Trate de colocar a barba de molho!

Por Hermes C. Fernandes

“Tu, porém, não devias olhar com prazer para o dia da desgraça de teu irmão (...) 
nem falar arrogantemente no dia da angústia...” Obadias 1:12a,c 

Eu estava no aeroporto de Stuttgart, no interior da Alemanha, aguardando uma conexão para Berlim, quando me deparei com esta intrigante passagem. Pelos lábios de Obadias, Deus chama a atenção de Edom, os descendentes de Esaú, pelo fato de haver tripudiado de seus irmãos israelitas devido a invasão sofrida por Jerusalém. Eles não apenas se negaram a prestar qualquer socorro aos judeus, como facilitaram para que os inimigos tomassem a cidade. Sim, eles estavam lá! Assistiram de camarote, mas nada fizeram. Não moveram uma palha para impedir a desgraça de seus irmãos.
“Por causa da violência feita a teu irmão Jacó, a confusão te cobrirá, e serás exterminado para sempre. No dia em que estavas presente, no dia em que estranhos lhe levaram os bens, e os estrangeiros lhe entraram pelas portas e lançaram sortes sobre Jerusalém, tu mesmo eras como um deles.” Obadias 1:10-11 
Mesmo que aquilo fosse a execução do juízo de Deus sobre Jerusalém, isso não lhes dava o direito de tripudiar sobre a desgraça de seus irmãos. Deveriam, antes, dar ouvidos à sabedoria destilado pelos lábios de Salomão: “Quando o teu inimigo cair, não te alegres, nem quando ele tropeçar se regozije o teu coração, para que o Senhor não o veja, e isso seja mau aos seus olhos, e dele desvie a sua ira” (Provérbios 24:17-18). Ou à advertência de Davi: “Retrocedam cobertos de vergonha os que dizem: Benfeito! Benfeito!”(Salmos 70:3). Por isso, o Senhor os admoesta severamente: “Como tu fizeste, assim se fará contigo; tua maldade cairá sobre a tua cabeça” (Obadias 1:15b).

Sempre que assistimos à derrocada de alguém, devemos ser remetidos à nossa própria humanidade, lembrando-nos de que amanhã poderá ser a nossa vez. O que ocorre aos nossos desafetos pode ser um indigesto lembrete, e até um aviso do que poderá nos ocorrer em seguida. “Deus que me livre e guarde!”, você dirá. Sim, o mesmo Deus que não livrou, nem guardou o seu inimigo de passar por isso, talvez permita que você passe pelo mesmo a fim de não se sentir superior a ele e a ninguém. 

Lucas narra um episódio vivido por Jesus em que “estavam presentes alguns que lhe falavam dos galileus, cujo sangue Pilatos misturara com os seus sacrifícios. E, respondendo Jesus, disse-lhes: Cuidas vós que esses galileus foram mais pecadores do que todos os galileus, por terem padecido tais coisas? Não, vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis. E aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, cuidais que foram mais culpados do que todos quantos homens habitam em Jerusalém?” (Lucas 13:1-4). Em outras palavras, pau que dá em Chico, dá em Francisco. Ninguém está isento. Portanto, antes de rir da desgraça alheia ou referir-se a ela como castigo de Deus sobre seu desafeto, trate de colocar a barba de molho. O próximo pode ser você.

Faço minhas as palavras de Davi: “Confundidos sejam por causa da sua afronta os que me dizem: Benfeito! Benfeito! Folguem e alegrem-se em ti os que te buscam; digam constantemente os que amam a tua salvação: Engrandecido seja o Senhor! Contudo, eu sou pobre e necessitado; mas tu, ó Senhor, cuidas de mim. Tu és o meu auxílio e o meu libertador; não te detenhas, ó Deus meu.” Salmos 40:15-17

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